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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A USP SEGUE FECHADA PRÁ NÓS QUE SOMOS NEGROS!


A luta contra o racismo já é um dos eixos fundamentais da minha atuação como ativista e continuará como Deputado Estadual, caso seja eleito. Em S. Paulo, Estado com maior população negra do Brasil - cerca de 13,6 milhões de afro-brasileiros - continuamos sendo privados de direitos fundamentais como o acesso à Educação, ao trabalho e aos espaços de poder.

Nossos jovens continuam sendo assassinados quase diariamente por uma Polícia, que não é treinada para respeitar o cidadão - e menos ainda - se for negro, tomado como suspeito padrão de qualquer crime. O Estado brasileiro e, claro, também o Estado de S. Paulo, por meio de suas instituições, pratica racismo institucional.

Quando o racismo institucional é praticado no mercado de trabalho, isso representa impedimento ao acesso ao emprego, aos postos de mando e comando nas empresas. Quando é praticado pelo braço armado do Estado - a Polícia - significa a morte da vítima. Não por outra razão, jovens negros são praticamente diariamente mortos nas mãos da Polícia.

O caso dos motoboys Eduardo e Alexandre - ambos mortos sob tortura, o último dos quais, na frente da própria mãe -, ilustram o quanto estamos longe de viver em um Estado Democrático de Direito. Desde que foram assassinados, outros já morreram nas mãos do braço armado do Estado, ou desapareceram como os jovens de Diadema, que após uma simples revista na rua, desapareceram e estão provavelmente mortos.

Como deputado estadual serei uma voz ativa na defesa dos que tem sido massacrados pelo braço armado do Estado. Quero que o mandato de deputado seja um espaço de organização e aglutinação para a luta por direitos dos milhares de jovens pobres e negros, hoje destituídos dos direitos de cidadania.

Nesse sentido, vamos preparar ações permanentes para mostrar a sociedade brasileira que a USP não pode continuar com suas portas fechadas para pobres e negros, porque é mantida por 9% do orçamento do Estado - o maior do país.

Uma das propostas é prepararmos uma manifestação monstro de todos os negros de S. Paulo e todos os nossos aliados - independente da cor, da religião ou de posições políticas - para o dia 21 de março - Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial - sob lema: "USP - aqui negros e pobres não entram. Até quando?"

VIVA MALCOLM!

Todos os que lutamos contra o racismo e a opressão por um Brasil onde todos tenham iguais oportunidades, independente da cor da pele, do credo político e ou religioso; todos os que compreendemos que o Brasil do racismo é o mesmo velho Brasil das elites herdeiras da Casa Grande, e que lutamos por transformações profundas, nos inspiramos em El Hajj Malik El Shabazz, mais conhecido como Malcolm X ou Malcolm Little, nascido em 19 de maio de 1925, Omaha, Nebraska e assassinado em 21 de fevereiro de 1965.

"O futuro pertence àqueles que se preparam hoje para ele", dizia Malcolm. Ou então: "As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram os que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos."

Nós, os negros de S. Paulo, precisamos fazer exatamente isso - mudar o pensamento a respeito de nós mesmos. Não somos uma minoria, uma comunidade, como alguns gostam de referir. Não somos subalternos, nem aceitamos o espaço do "puxadinho", que a elite racista nos reservou.

Somos, no mínimo, iguais e para a defesa da igualdade, vamos lutar com todas as forças ao nosso alcance.

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