Quase ao mesmo tempo foram divulgadas duas pesquisas e estudos que se complementam e se explicam: chega a 65,6 milhões, o número de pessoas que passam fome no Brasil, depois de oito anos de Governos do lulo-petismo. Os números são do próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e falam por si.
Os tecnocratas – que em qualquer Governo tem idêntico papel – se encarregaram de explicar que, desse total, 11 milhões são portadores de “insegurança alimentar grave”, eufemismo para se referir "a quem passa fome brava mesmo", em outras palavras: morre de fome.
Os outros 54,6 milhões sofrem de “insegurança alimentar moderada e insegurança alimentar leve”. Vejam como o lulo-petismo se atucanou até para dar nome ao que atende pelo nome de sempre, porque a dor é a mesma: FOME.
Em outros tempos, o Guia Genial dos povos versão made in Brazil, se referia a essa “sensação da tripa menor engolindo a maior”, referência de gosto duvidoso, mas que provocava sempre na platéia de famintos uma identidade instantânea. Participei, mais de uma vez, de comícios, em Cubatão, em que Lula usou essa metáfora pobre.
Mas, vejam, como o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Rômulo de Souza, enxergou os mesmos números: para Souza, de 2004 para 2009, o número de brasileiros em estado de segurança alimentar cresceu 15,5%. Gabou-se ainda o burocrata de plantão que se trata de “um ganho excepcional para um período tão curto”, e outras baboseiras da espécie.
Para um Governo que, no seu primeiro ano, lançou o Programa Fome Zero, depois abandonado, porque isso significaria ações efetivas para diminuir a Bolsa-Banqueiro (que nunca antes neste país, tiveram tantos lucros, como pode se ver nos balanços divulgados), convenhamos, é muito pouco: é um fiasco.
Nesta segunda-feira, 29/11, o Tribunal Superior Eleitoral, fez uma outra revelação que tudo a ver com a pesquisa do IBGE: segundo o TSE 1 em cada 4 eleitores já se esqueceu em quem votou para deputado estadual. O levantamento foi feito entre os dias 3 e 7 de novembro, um mês após o primeiro turno das eleições – quando foram eleitos os futuros membros dos legislativos estaduais e federais – e tem margem de erro de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
Segundo o Instituto Sensus, responsável pela pesquisa, 23% dos eleitores entrevistados não lembraram o nome do deputado estadual que escolheram. Em relação aos deputadores federais, 21,7% afirmaram que não se lembram em quem votou. No caso de senador, o esquecimento ficou em torno de 20,6% dos entrevistados.
Os escolhidos para cargos majoritários foram mais lembrados pelos eleitores: 89,8% se recordam em quem votou nas eleições presidenciais e 80,6% não esqueceram o voto para governador.
A razão para o esquecimento dos eleitores, apenas um mês depois da eleição, tem uma explicação óbvia: porque haveriam de lembrar do nome de um candidato que lhes comprou o voto e lhes pagou com algum favor, emprego, ou promessa de algo. Negócio é negócio: numa ponta, alguém compra - o voto; na outra, alguém - o eleitor - vende. E estamos conversados e não se fala mais nisso, o recibo da compra é precisamente o voto na urna, e não há porque lembrar.
Imagine se fôssemos lembrar dos nomes de todas as pessoas com quem fazemos negócios - do vendedor da caixa do supermercado do shopping, onde fazemos compras. Tem sentido? Claro, que não. Assim é com o voto.
Os números são impressionantes se lembrarmos que o percentual de abstenção aumentou nas eleições deste ano, em relação a 2006, em 1,37%: chegaram a 24,6 milhões de pessoas. Os votos em branco também cresceram: passaram de 2,73% para 3,13% - o equivalente a 3,4 milhões de votos. Os votos nulos chegaram a 6,1 milhões este ano.
A conclusão da soma aponta o tamanho da descrença da população brasileira, nesse modelo político-eleitoral-partidário, que tem como objetivo a compra e venda de voto, e a manutenção de um esquema de exclusão da maioria – pobres e negros, estes últimos a maioria dos pobres: 34,1 milhões de pessoas.
Esses números são crescentes e representam uma reação da cidadania consciente: é preciso que aumentem e se tornem força organizada para provocar mudanças efetivas no modelo, com uma reforma política, que garanta o fim do voto obrigatório, candidaturas autônomas, mandatos revogáveis e financiamento público das campanhas, entre outras medidas.
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