No longo discurso - o primeiro, após ser declarada a 1ª mulher presidente do Brasil -Dilma Rousseff, a nova Presidente da República, entre outros compromissos, se comprometeu a fazer uma reforma política. Falou assim:
"Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia."
A sinalização é positiva, porém, vejamos com que tipo de reforma política, a nova presidente está assumindo compromissos.
Esperamos que seja uma reforma política digna desse nome, que sirva para aprofundar a democracia, tornando-a um valor do cidadão, e não um produto do mercado.
Para que seja isso, é necessário:
- o fim do voto obrigatório. Votar é um direito, não um dever;
- financiamento público das campanhas. É preciso acabar com a lavanderia de dinheiro sujo (da propina, da corrupção, e do caixa dois),fonte de toda corrupção do Estado em que as campanhas foram transformadas;
- candidaturas autônomas. Todo cidadão deve ter o direito de apresentar-se como candidato, sem precisar se submeter aos clubes fechados em que se tornaram os partidos políticos;
- mandatos revogáveis. Eleito que não corresponde a expectativa de quem elege, deve perder o mandato;
- instituição do voto distrital (puro ou misto). É a forma de aproximar o eleitor do eleito e baratear os custos das campanhas.
Leia em Afropress
domingo, 31 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Quem está mentindo? Quem está comprando quem?
Vox Populi: Dilma soma 51% das intenções de voto; Serra tem 39%
Dilma sobe no Ibope: 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra
CNT/Sensus: Dilma tem 52,8% dos votos contra 47,2% de Serra
Quando denunciamos que as eleições se tornaram um mercado de compra e venda – de votos -, isso inclui Institutos de Pesquisa. Sempre desconfiei do papel de tais pesquisas. Prá mim está claro para que servem: são um produto que também é oferecido ao mercado de votos para orientar o investimento dos grupos econômicos que financiam as campanhas.
De quebra, cumprem o segundo objetivo: criar o argumento supostamente científico para convencer os indecisos e atender a demanda da massa que só vota em candidato que ganha. Pouco importa quem seja.
Não importa por quais critérios se busca aferir a “fotografia” do momento. O objetivo é um só: direcionar os investimentos dos financiadores, na verdadeira lavanderia de dinheiro em que se transformaram as eleições no Brasil.
Vejam os resultados de hoje (20/10) de três dos quatro Institutos de Pesquisa e vejam se não tenho razão. Como é possível que pesquisas sejam tão discrepantes?
De duas uma: ou o Ibope e a Vox Populi, fizeram a pesquisa por encomenda da candidata Dilma Rousseff e do PT; ou foi a CNT/Sensus que pesquisou a serviço da campanha do candidato José Serra, do PSDB.
Vejamos: Nas pesquisas da Vox Populi e do Ibope a vantagem da candidata do PT é de 12 pontos; na pesquisa da CNT/Sensus é de apenas 5,7 pontos – muito próxima a situação de empate técnico.
Como é que isso é possível.
Quem está mentindo, quem está comprando quem?
Dilma sobe no Ibope: 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra
CNT/Sensus: Dilma tem 52,8% dos votos contra 47,2% de Serra
Quando denunciamos que as eleições se tornaram um mercado de compra e venda – de votos -, isso inclui Institutos de Pesquisa. Sempre desconfiei do papel de tais pesquisas. Prá mim está claro para que servem: são um produto que também é oferecido ao mercado de votos para orientar o investimento dos grupos econômicos que financiam as campanhas.
De quebra, cumprem o segundo objetivo: criar o argumento supostamente científico para convencer os indecisos e atender a demanda da massa que só vota em candidato que ganha. Pouco importa quem seja.
Não importa por quais critérios se busca aferir a “fotografia” do momento. O objetivo é um só: direcionar os investimentos dos financiadores, na verdadeira lavanderia de dinheiro em que se transformaram as eleições no Brasil.
Vejam os resultados de hoje (20/10) de três dos quatro Institutos de Pesquisa e vejam se não tenho razão. Como é possível que pesquisas sejam tão discrepantes?
De duas uma: ou o Ibope e a Vox Populi, fizeram a pesquisa por encomenda da candidata Dilma Rousseff e do PT; ou foi a CNT/Sensus que pesquisou a serviço da campanha do candidato José Serra, do PSDB.
Vejamos: Nas pesquisas da Vox Populi e do Ibope a vantagem da candidata do PT é de 12 pontos; na pesquisa da CNT/Sensus é de apenas 5,7 pontos – muito próxima a situação de empate técnico.
Como é que isso é possível.
Quem está mentindo, quem está comprando quem?
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
LULA SEM RETOQUES
Chamado de “O cara” por Obama, ego inflado pela mídia internacional, rodeado cotidianamente por bajuladores e puxa-sacos de todas as espécies e calibres, e criticado apenas por adversários que, com raras exceções, o fazem por preconceito contra pobres e contra quem não teve oportunidades de acesso à Universidade, o presidente Luiz nácio Lula da Silva, dia sim outro também, dedica-se a fazer o que mais gosta: falar à platéias extasiadas.
E falou nestes oito anos como “nunca antes neste país” um presidente da República, se permitiu. Disse coisas assim; sobre Educação:“Educação é condição "sine qua non". Estou falando "sine qua non" porque o Caetano Veloso fala. E se ele fala, o Lula também pode falar”.
Na visita ao Piauí, na última quinta-feira, em campanha pela sua candidata, comparou-se a Jesus Cristo e a Tiradentes. “Se contavam muitas mentiras de mim. Eu tinha barba e por isso eu era comunista. E os mentirosos não tinha (sic) coragem de dizer que Jesus Cristo tinha barba comprida, que Tiradentes tinha barba comprida. Quantas vezes eu tive que explicar porque tinha estrela na bandeira do PT e a quantidade de vezes que eu tinha que responder sobre aborto. Quantas vezes tinha que responder a questões que não diziam respeito a um presidente da República.”
Sobre a preservação do meio ambiente: “Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá. Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído (???) responsabilidade é de todos”.
Sobre o apagão: “Eu já disse várias vezes. Freud dizia que tinha algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma dela era as intempéries”.
Outro dia, do alto de um palanque em Santa Catarina, prometeu extirpar o partido de Oposição – o Democratas - retornando ao histórico de bravatas, em que ele próprio confessou-se “expert” quando na Oposição. O ato “cirúrgico” de Lula é tão impróprio para um chefe de Estado, quanto desnecessário: se a alguém cabe o papel de extirpar um partido de oposição na Democracia, esse alguém é o povo, e no voto, em eleições livres e limpas.
MAU EXEMPLO
O Presidente dá mau exemplo; todos os que o conhecem identificam a declaração apenas como o que ela é: mais uma bravata.
Não satisfeito, às vésperas do 1º turno, transformou a mídia – especialmente os dois jornais paulistas Folha e Estadão - em alvo de declarações, tão furiosas quanto infelizes.
Se o Presidente encarregasse o seu chefe de Comunicação Social, o ex-comentarista da TV Globo, ministro Franklin Martins, de revelar os gastos do Planalto com publicidade, todos veríamos que o seu Governo tem sido extremamente generoso com os grandes meios de comunicação.
Muito provavelmente confundindo os papéis, como frequentemente o faz e esperando gratidão, o Presidente não aceita desses meios o exercício da crítica aos seus arroubos retóricos.
Gostaria que fizessem o mesmo que o bispo Edir Macedo, o chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, que divulgou carta de apoio a sua candidata.
Pretende ser, ao mesmo tempo e num tempo só, Governo e líder da Oposição.
BATER EM QUEM DEVE
Macedo, como se sabe, não é o único poderoso que passou a tomar assento à mesa do Presidente. Sarney, Temer, Collor, Renan, Barbalhos, Ciros e Gedéis, também fazem parte da tropa de choque lulista. ACM, se vivo estivesse, provavelmente, nela teria lugar de honra.
Em outra quinta-feira desse mesmo mês de outubro (07/10), Lula voltou a engordar o anedotário com declarações sobre o papel da Polícia do Rio de Janeiro, onde, quase toda semana, alguém morre por bala perdida em tiroteios entre a Polícia e traficantes que dominam a maioria dos morros cariocas.
Na tentativa de agradar o anfitreão, o governador Cabral, teceu loas a política cabralina de um Rio pacificado que só a propaganda vê. “"Estou convidando vocês para subirem a favela de Manguinhos, o Complexo do Alemão, e o Pavão-Pavãozinho para vocês verem o que nós estamos dizendo para aquele povo de lá: não vamos mandar para cá a polícia apenas para bater. A polícia vai ir para lá para bater em quem tiver de bater e proteger quem tiver de proteger". Claro que ninguém aceitou o convite para o "tour". Nem o próprio.
Sobre a sua saída do Governo: “Vou colar a faixa na barriga com cola e vou pegar a bicha e sair correndo."
Outras dezenas de frases poderiam ser incorporadas ao palavrório lulista. Enquanto recita tais mantras, sempre do alto de palanques armados e rodeado por bajuladores de todas as espécies, Lula caminha de um lado para o outro, como se estivesse conduzindo um auditório, ou no papel de um pastor em um púlpito; as frases sempre entrecortadas por doses cavalares de populismo escrachado.
A audiência não se cansa de aplaudir - de forma, quase sempre, histérica - as falas desconexas. Onde há boçalidade e puro exibicionismo falastrão, vê inteligência e genialidade. Protegido pela aura que lhe atribuem, Lula extrapola. Confunde inteligência com esperteza. Perde a noção.
Não se contenta em sair consagrado como o mais popular presidente da História do Brasil, beneficiando-se de uma conjuntura econômica favorável.
O LULA DE ANTES
Todos sabemos, este Lula que preferiu acalmar os mercados com a Carta aos Brasileiros, de 2002; optou por nomear para o Banco Central, o então deputado tucano, Henrique Meirelles, até o hoje o chefe máximo da economia; assumiu todas as políticas sociais do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso – do luz para todos ao Bolsa Escola, o atual Bolsa Família -, simplesmente ampliando-as, não é o mesmo.
Seu Governo e o próprio PT, simplesmente ocuparam o espaço das políticas social-democratas do tucanato, os colchões para aplacar os devastadores efeitos para os mais pobres das políticas neoliberais assumidas sem qualquer cerimônia e recato. Tanto que na disputa, agora travada entre o candidato tucano e a candidata ungida pelo lulo-petismo o distinto público está convidado a escolher “mais do mesmo”.
Na medida em que assumiu o espaço ideológico e político da social democracia, rebaixando os seus horizontes, e transformando o projeto de país, em projeto de poder para a burocracia que o controla, o PT tornou-se mais um Partido das elites brasileiras – com raízes nas classes médias dos grandes centros urbanos e nas camadas mais pobres dos grotões que sobrevivem do que antes o próprio Lula chamava de "bolsa-esmola".
Do partido de esquerda que foi alhures não resta mais nem o vermelho, cor hoje considerada “agressiva” pelos marqueteiros; do manifesto que defendia uma sociedade sem exploradores nem explorados, nem a sombra.
O PT e Lula, ainda mais com a aliança com o PMDB, nestas eleições tornaram-se a expressão de um partido de centro-direita, sem qualquer horizonte mais amplo que não seja a reprodução da ordem/desordem de exploração, à base de um populismo tosco.
Enquanto isso, a Serra e aos tucanos, fica o desafio de se apresentarem com propostas mais à direita do lulo-petismo.
Como já estamos em um Governo de centro direita - e que pretende continuar por mais 4 anos, quem sabe 8 ou oitenta anos - o que nos restaria seria a escolha entre um Governo de centro direita, nascido do que um dia foi a esquerda, ou um Governo de centro direita, nascido do que um dia foi o esboço do projeto da social-democracia brasileira. Ou seja, mais uma vez: "mais do mesmo".
Conheço Lula desde 1.979, tempo em que não havia ainda assumido o seu lugar no panteão dos deuses, quando fundamos o que outrora foi o Partido dos Trabalhadores, e posso afirmar, sem nenhum temor de que os raios do Olimpo caiam sobre a minha cabeça: Lula surtou.
E falou nestes oito anos como “nunca antes neste país” um presidente da República, se permitiu. Disse coisas assim; sobre Educação:“Educação é condição "sine qua non". Estou falando "sine qua non" porque o Caetano Veloso fala. E se ele fala, o Lula também pode falar”.
Na visita ao Piauí, na última quinta-feira, em campanha pela sua candidata, comparou-se a Jesus Cristo e a Tiradentes. “Se contavam muitas mentiras de mim. Eu tinha barba e por isso eu era comunista. E os mentirosos não tinha (sic) coragem de dizer que Jesus Cristo tinha barba comprida, que Tiradentes tinha barba comprida. Quantas vezes eu tive que explicar porque tinha estrela na bandeira do PT e a quantidade de vezes que eu tinha que responder sobre aborto. Quantas vezes tinha que responder a questões que não diziam respeito a um presidente da República.”
Sobre a preservação do meio ambiente: “Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá. Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído (???) responsabilidade é de todos”.
Sobre o apagão: “Eu já disse várias vezes. Freud dizia que tinha algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma dela era as intempéries”.
Outro dia, do alto de um palanque em Santa Catarina, prometeu extirpar o partido de Oposição – o Democratas - retornando ao histórico de bravatas, em que ele próprio confessou-se “expert” quando na Oposição. O ato “cirúrgico” de Lula é tão impróprio para um chefe de Estado, quanto desnecessário: se a alguém cabe o papel de extirpar um partido de oposição na Democracia, esse alguém é o povo, e no voto, em eleições livres e limpas.
MAU EXEMPLO
O Presidente dá mau exemplo; todos os que o conhecem identificam a declaração apenas como o que ela é: mais uma bravata.
Não satisfeito, às vésperas do 1º turno, transformou a mídia – especialmente os dois jornais paulistas Folha e Estadão - em alvo de declarações, tão furiosas quanto infelizes.
Se o Presidente encarregasse o seu chefe de Comunicação Social, o ex-comentarista da TV Globo, ministro Franklin Martins, de revelar os gastos do Planalto com publicidade, todos veríamos que o seu Governo tem sido extremamente generoso com os grandes meios de comunicação.
Muito provavelmente confundindo os papéis, como frequentemente o faz e esperando gratidão, o Presidente não aceita desses meios o exercício da crítica aos seus arroubos retóricos.
Gostaria que fizessem o mesmo que o bispo Edir Macedo, o chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, que divulgou carta de apoio a sua candidata.
Pretende ser, ao mesmo tempo e num tempo só, Governo e líder da Oposição.
BATER EM QUEM DEVE
Macedo, como se sabe, não é o único poderoso que passou a tomar assento à mesa do Presidente. Sarney, Temer, Collor, Renan, Barbalhos, Ciros e Gedéis, também fazem parte da tropa de choque lulista. ACM, se vivo estivesse, provavelmente, nela teria lugar de honra.
Em outra quinta-feira desse mesmo mês de outubro (07/10), Lula voltou a engordar o anedotário com declarações sobre o papel da Polícia do Rio de Janeiro, onde, quase toda semana, alguém morre por bala perdida em tiroteios entre a Polícia e traficantes que dominam a maioria dos morros cariocas.
Na tentativa de agradar o anfitreão, o governador Cabral, teceu loas a política cabralina de um Rio pacificado que só a propaganda vê. “"Estou convidando vocês para subirem a favela de Manguinhos, o Complexo do Alemão, e o Pavão-Pavãozinho para vocês verem o que nós estamos dizendo para aquele povo de lá: não vamos mandar para cá a polícia apenas para bater. A polícia vai ir para lá para bater em quem tiver de bater e proteger quem tiver de proteger". Claro que ninguém aceitou o convite para o "tour". Nem o próprio.
Sobre a sua saída do Governo: “Vou colar a faixa na barriga com cola e vou pegar a bicha e sair correndo."
Outras dezenas de frases poderiam ser incorporadas ao palavrório lulista. Enquanto recita tais mantras, sempre do alto de palanques armados e rodeado por bajuladores de todas as espécies, Lula caminha de um lado para o outro, como se estivesse conduzindo um auditório, ou no papel de um pastor em um púlpito; as frases sempre entrecortadas por doses cavalares de populismo escrachado.
A audiência não se cansa de aplaudir - de forma, quase sempre, histérica - as falas desconexas. Onde há boçalidade e puro exibicionismo falastrão, vê inteligência e genialidade. Protegido pela aura que lhe atribuem, Lula extrapola. Confunde inteligência com esperteza. Perde a noção.
Não se contenta em sair consagrado como o mais popular presidente da História do Brasil, beneficiando-se de uma conjuntura econômica favorável.
O LULA DE ANTES
Todos sabemos, este Lula que preferiu acalmar os mercados com a Carta aos Brasileiros, de 2002; optou por nomear para o Banco Central, o então deputado tucano, Henrique Meirelles, até o hoje o chefe máximo da economia; assumiu todas as políticas sociais do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso – do luz para todos ao Bolsa Escola, o atual Bolsa Família -, simplesmente ampliando-as, não é o mesmo.
Seu Governo e o próprio PT, simplesmente ocuparam o espaço das políticas social-democratas do tucanato, os colchões para aplacar os devastadores efeitos para os mais pobres das políticas neoliberais assumidas sem qualquer cerimônia e recato. Tanto que na disputa, agora travada entre o candidato tucano e a candidata ungida pelo lulo-petismo o distinto público está convidado a escolher “mais do mesmo”.
Na medida em que assumiu o espaço ideológico e político da social democracia, rebaixando os seus horizontes, e transformando o projeto de país, em projeto de poder para a burocracia que o controla, o PT tornou-se mais um Partido das elites brasileiras – com raízes nas classes médias dos grandes centros urbanos e nas camadas mais pobres dos grotões que sobrevivem do que antes o próprio Lula chamava de "bolsa-esmola".
Do partido de esquerda que foi alhures não resta mais nem o vermelho, cor hoje considerada “agressiva” pelos marqueteiros; do manifesto que defendia uma sociedade sem exploradores nem explorados, nem a sombra.
O PT e Lula, ainda mais com a aliança com o PMDB, nestas eleições tornaram-se a expressão de um partido de centro-direita, sem qualquer horizonte mais amplo que não seja a reprodução da ordem/desordem de exploração, à base de um populismo tosco.
Enquanto isso, a Serra e aos tucanos, fica o desafio de se apresentarem com propostas mais à direita do lulo-petismo.
Como já estamos em um Governo de centro direita - e que pretende continuar por mais 4 anos, quem sabe 8 ou oitenta anos - o que nos restaria seria a escolha entre um Governo de centro direita, nascido do que um dia foi a esquerda, ou um Governo de centro direita, nascido do que um dia foi o esboço do projeto da social-democracia brasileira. Ou seja, mais uma vez: "mais do mesmo".
Conheço Lula desde 1.979, tempo em que não havia ainda assumido o seu lugar no panteão dos deuses, quando fundamos o que outrora foi o Partido dos Trabalhadores, e posso afirmar, sem nenhum temor de que os raios do Olimpo caiam sobre a minha cabeça: Lula surtou.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
O 2º turno e a hora da altivez
Que o Movimento Negro Partidário se pinte para a guerra para defender seus candidatos – Serra ou Dilma -,como de resto já fez no primeiro turno e em qualquer processo eleitoral, nada mais natural. Estranho era que não o fizesse.
Que esse mesmo Movimento Negro Partidário siga cegamente as direções dos seus partidos, não tenha autonomia, nem altivez para negociar uma agenda própria com propostas concretas para enfrentar o quadro de desigualdade que atinge predominantemente 51,3% da população brasileira, que é negra, era o esperado.
Faz parte do histórico de servidão de quem se acomoda nos “puxadinhos” – os espaços consentidos abertos pelo Estado e ou nos Governos - para simbolizar o modelo de inclusão subalterna mantido pelo Estado brasileiro desde sempre, e que só permite a inclusão de alguns, para se tornarem símbolos, alegorias da maioria que permanece de fora.
Que esse Movimento Negro partidário sequer se anime a protestar diante do silêncio e da ausência do tema da desigualdade e da herança dos quase 400 anos de escravismo e dos 122 anos de racismo pós-abolição; que não exija dos seus candidatos - ambos assolados por um mutismo conveniente - que se pronunciem nos seus programas, nas TVs, nos debates, em público sobre o assunto, só expõe o grau de subalternidade a que se submete e a própria lógica da servidão a que está preso.
Que figuras relevantes do movimento negro brasileiro – ministros, deputados, acadêmicos de peso e de proa – também silenciem, igualmente faz parte do pacto de silêncio em que estão todos envolvidos.
Que a esquerda e a direita brasileiras não toquem no assunto, no ano em que o país se declarará majoritariamente negro, conforme o censo do IBGE a ser divulgado daqui a dois meses, só revela a proximidade de ambas, quando o tema diz respeito ao abismo de desigualdade que faz com que o Brasil – com todo o ufanismo do lulo-petismo – continue ocupando a vergonhosa posição de ser um dos 10 países mais desiguais do mundo.
Uns e outros sabem muito bem, que essa desigualdade decorre da herança maldita de quase 400 anos de escravidão negra, e de mais 122 anos da modalidade de racismo mais perversa do mundo – o racismo invisível, camuflado, porém nem por isso menos letal – que, cotidianamente, é praticado no Brasil e que se traduz na montanha de cadáveres de jovens negros e pobres, vítimas do Estado e de sua mão armada: a Polícia.
Embora representem 51,3% da população brasileira, negros ganham menos do que os brancos - até 50% dependendo da região; o desemprego é maior entre nós, a maioria dos quais vivemos na informalidade e ou de bicos; continuamos tendo menos 2,2 anos de escolaridade média que os brancos, desde 1.929; somos a maioria entre indigentes e pobres; as mulheres negras tem ainda maior desemprego e menor renda que os homens negros; esgoto e água tratada vão menos a lares negros que a lares brancos; a expectatividade vida para os negros é, em média, seis anos menor do que para os brancos.
Sobre esse tema, Serra e Dilma, simplesmente, silenciaram até aqui, e nada indica que mudarão de postura nesse segundo turno que acontece dia 31 de outubro.
Serra, durante toda a sua trajetória política (Deputado na Constituinte, Ministro, prefeito e Governador), nunca tratou do tema – como bem demonstra a absoluta inexistência de políticas públicas para os 13,6 milhões de afro-brasileiros de S. Paulo.
Um dos principais coordenadores de sua campanha – seu ex-secretário José Henrique Reis Lobo – é o mesmo que escandalizou até negros tucanos ao dizer que “ações afirmativas só em 500 anos”.
De Dilma, tampouco, nunca se soube que tenha tido – em algum momento da sua trajetória, nem como secretária do Governo do Rio Grande do Sul, nem como ministra da Casa Civil – qualquer afinidade ou preocupação com o tema. As referências no seu programa são tão genéricas que ficam próximas do abstrato.
Diante da omissão e do silêncio dos candidatos, só cabe a nós, negros, a altivez de apresentar a ambos um programa com três pontos mínimos: 1) a reforma do Estatuto da Igualdade Racial, que entra em vigor no próximo dia 20/10, para torná-lo uma Lei efetiva garantidora de direitos para a maioria da população, que é negra; 2) ações afirmativas na Educação e no mercado de trabalho; 3) e a demarcação imediata e entrega de títulos das terras de todas as áreas remanescentes de Quilombos ameaçadas pelo latifúndio e pelo agronegócio.
Compromissos públicos, escritos e assinados, com prazos para serem cumpridos, com espaço no horário eleitoral, o candidato ou candidata – Serra ou Dilma – terá o voto dos negros do Brasil.
Fora disso, e com ambos nos considerando invisíveis, votar em qualquer dos dois, cujas diferenças dizem respeito muito mais ao estilo de gerência do sistema de exploração, em que nós negros continuamos sendo “a carne mais barata”, é como passar um cheque em branco a quem nada devemos, ao contrário: é o Estado brasileiro, que pretendem comandar nos próximos quatro anos, que tem conosco uma imensa e secular dívida que ambos, com o silêncio, ignoram ou sequer reconhecem.
Tornados invisíveis, o que nos resta é o espaço da denúncia do sistema político-partidário-eleitoral, o caminho da abstenção para não legitimá-lo, e a luta por uma reforma política profunda, que amplie e garanta à maioria negra o acesso ao universo de direitos, com o fim o do voto obrigatório, a introdução do financiamento público de campanha, candidaturas autônomas e mandatos revogáveis.
Os negros e negras que não estiverem presos à servidão da Casa Grande, que hoje continua presente e de outras formas, estão desafiados a levantarem a cabeça para a tomada de uma posição.
Em nome da nossa dignidade e da honra dos nossos antepassados, dos que não tiveram vez, nem chance, dos que pereceram sob a barbárie dos navios negreiros, dos que ainda hoje perecem sob a brutalidade e a violência da fome, da polícia, do desemprego, dos maus tratos, das humilhações cotidianas, só devemos votar em quem nos reconhece, não ignora a dívida que tem conosco.
Quem continua nos considerando invisíveis não merece nem consideração, nem voto. Chame-se Serra ou Dilma.
São Paulo, 6/10/2010
Que esse mesmo Movimento Negro Partidário siga cegamente as direções dos seus partidos, não tenha autonomia, nem altivez para negociar uma agenda própria com propostas concretas para enfrentar o quadro de desigualdade que atinge predominantemente 51,3% da população brasileira, que é negra, era o esperado.
Faz parte do histórico de servidão de quem se acomoda nos “puxadinhos” – os espaços consentidos abertos pelo Estado e ou nos Governos - para simbolizar o modelo de inclusão subalterna mantido pelo Estado brasileiro desde sempre, e que só permite a inclusão de alguns, para se tornarem símbolos, alegorias da maioria que permanece de fora.
Que esse Movimento Negro partidário sequer se anime a protestar diante do silêncio e da ausência do tema da desigualdade e da herança dos quase 400 anos de escravismo e dos 122 anos de racismo pós-abolição; que não exija dos seus candidatos - ambos assolados por um mutismo conveniente - que se pronunciem nos seus programas, nas TVs, nos debates, em público sobre o assunto, só expõe o grau de subalternidade a que se submete e a própria lógica da servidão a que está preso.
Que figuras relevantes do movimento negro brasileiro – ministros, deputados, acadêmicos de peso e de proa – também silenciem, igualmente faz parte do pacto de silêncio em que estão todos envolvidos.
Que a esquerda e a direita brasileiras não toquem no assunto, no ano em que o país se declarará majoritariamente negro, conforme o censo do IBGE a ser divulgado daqui a dois meses, só revela a proximidade de ambas, quando o tema diz respeito ao abismo de desigualdade que faz com que o Brasil – com todo o ufanismo do lulo-petismo – continue ocupando a vergonhosa posição de ser um dos 10 países mais desiguais do mundo.
Uns e outros sabem muito bem, que essa desigualdade decorre da herança maldita de quase 400 anos de escravidão negra, e de mais 122 anos da modalidade de racismo mais perversa do mundo – o racismo invisível, camuflado, porém nem por isso menos letal – que, cotidianamente, é praticado no Brasil e que se traduz na montanha de cadáveres de jovens negros e pobres, vítimas do Estado e de sua mão armada: a Polícia.
Embora representem 51,3% da população brasileira, negros ganham menos do que os brancos - até 50% dependendo da região; o desemprego é maior entre nós, a maioria dos quais vivemos na informalidade e ou de bicos; continuamos tendo menos 2,2 anos de escolaridade média que os brancos, desde 1.929; somos a maioria entre indigentes e pobres; as mulheres negras tem ainda maior desemprego e menor renda que os homens negros; esgoto e água tratada vão menos a lares negros que a lares brancos; a expectatividade vida para os negros é, em média, seis anos menor do que para os brancos.
Sobre esse tema, Serra e Dilma, simplesmente, silenciaram até aqui, e nada indica que mudarão de postura nesse segundo turno que acontece dia 31 de outubro.
Serra, durante toda a sua trajetória política (Deputado na Constituinte, Ministro, prefeito e Governador), nunca tratou do tema – como bem demonstra a absoluta inexistência de políticas públicas para os 13,6 milhões de afro-brasileiros de S. Paulo.
Um dos principais coordenadores de sua campanha – seu ex-secretário José Henrique Reis Lobo – é o mesmo que escandalizou até negros tucanos ao dizer que “ações afirmativas só em 500 anos”.
De Dilma, tampouco, nunca se soube que tenha tido – em algum momento da sua trajetória, nem como secretária do Governo do Rio Grande do Sul, nem como ministra da Casa Civil – qualquer afinidade ou preocupação com o tema. As referências no seu programa são tão genéricas que ficam próximas do abstrato.
Diante da omissão e do silêncio dos candidatos, só cabe a nós, negros, a altivez de apresentar a ambos um programa com três pontos mínimos: 1) a reforma do Estatuto da Igualdade Racial, que entra em vigor no próximo dia 20/10, para torná-lo uma Lei efetiva garantidora de direitos para a maioria da população, que é negra; 2) ações afirmativas na Educação e no mercado de trabalho; 3) e a demarcação imediata e entrega de títulos das terras de todas as áreas remanescentes de Quilombos ameaçadas pelo latifúndio e pelo agronegócio.
Compromissos públicos, escritos e assinados, com prazos para serem cumpridos, com espaço no horário eleitoral, o candidato ou candidata – Serra ou Dilma – terá o voto dos negros do Brasil.
Fora disso, e com ambos nos considerando invisíveis, votar em qualquer dos dois, cujas diferenças dizem respeito muito mais ao estilo de gerência do sistema de exploração, em que nós negros continuamos sendo “a carne mais barata”, é como passar um cheque em branco a quem nada devemos, ao contrário: é o Estado brasileiro, que pretendem comandar nos próximos quatro anos, que tem conosco uma imensa e secular dívida que ambos, com o silêncio, ignoram ou sequer reconhecem.
Tornados invisíveis, o que nos resta é o espaço da denúncia do sistema político-partidário-eleitoral, o caminho da abstenção para não legitimá-lo, e a luta por uma reforma política profunda, que amplie e garanta à maioria negra o acesso ao universo de direitos, com o fim o do voto obrigatório, a introdução do financiamento público de campanha, candidaturas autônomas e mandatos revogáveis.
Os negros e negras que não estiverem presos à servidão da Casa Grande, que hoje continua presente e de outras formas, estão desafiados a levantarem a cabeça para a tomada de uma posição.
Em nome da nossa dignidade e da honra dos nossos antepassados, dos que não tiveram vez, nem chance, dos que pereceram sob a barbárie dos navios negreiros, dos que ainda hoje perecem sob a brutalidade e a violência da fome, da polícia, do desemprego, dos maus tratos, das humilhações cotidianas, só devemos votar em quem nos reconhece, não ignora a dívida que tem conosco.
Quem continua nos considerando invisíveis não merece nem consideração, nem voto. Chame-se Serra ou Dilma.
São Paulo, 6/10/2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
NO MOMENTO, É O QUE TENHO A DIZER...
“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores, se não houver flores, valeu a sombra das folhas, se não houver folhas, valeu a intenção da semente"(Henfil).
Poderia começar os agradecimentos, repetindo a famosa frase do querido humorista Henfil e que era sempre repetida pelo Lula para lembrar que os poderosos jamais poderiam nos derrotar, antes de o próprio Lula se tornar um “poderoso”.
Entretanto, antes de dizer isso e agradecer os 1.271 votos para Deputado Estadual – sem campanha, sem dinheiro, sem esquema algum e ainda enfrentando o boicote do Partido – que, violando a própria Lei eleitoral retirou de mim e da maioria dos candidatos a possibilidade de espaço no horário eleitoral gratuito, ainda tive como adversário a própria Justiça Eleitoral, que, numa decisão sem qualquer pé nem cabeça, indeferiu a minha candidatura, alegando que não sou filiado ao Partido – e portanto, não preencho as condições de elegibilidade.
Isso quando a mesma Justiça Eleitoral me declara presidente da Comissão Provisória do PC do B de Cubatão, pelo qual fui candidato a prefeito nas eleições de 2008, conforme pode ser visto e comprovado acessando-se o site do TRE e do TSE.
A decisão absurda de uma juíza do Tribunal Regional Eleitoral, ignorando tudo isso, acabou fazendo com que o caso tenha ido parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde aguarda julgamento. Além do prejuízo evidente, ainda tive que passar pela humilhação de votos contados em separado, e outros dissabores que não vale à pena relembrar. Surrealismo puro, como podem ver.
Poderia dizer, como costumamos afirmar: “confio na Justiça”. Sim, eu confio na Justiça, mas não nessa.
Foi nesse quadro, que disputei as eleições.
Encerro, agradecendo a todos e a cada um – os que trabalharam, os que votaram, os que torceram. Tudo vale à pena quando a alma não é pequena.
Reitero que a democracia duramente conquistada no Brasil por pessoas, muitas das quais sacrificaram as suas próprias vidas em defesa das ideais de liberdade e Justiça, foi tomada de assalto pelo mercado, pelos interesses de grupos, pelo lobismo desenfreado, pela corrupção sem limites, pelo circo sem pão em que as campanhas, sob esse sistema eleitoral se transformaram: empresas azeitadas à milhões - pura atividade de compra e venda e de consciências, de favores e de votos.
Não há amargura no que digo – só constatação.
Não estou só nessa breve análise e avaliação. Basta conferir os quase 5 milhões que se abstiveram, os quase 2 milhões de votos brancos e os mais de 2 milhões de votos nulos, só nas eleições para Deputado Estadual em S. Paulo.
Nesse caso, prefiro ficar com essa minoria, do que com a maioria que – animada pelo pão e circo das campanhas – torna-se, a cada eleição, massa de manobra dos mesmos e velhos interesses dos grupos beneficiários de um sistema de exploração em que o Estado simplesmente é usado como balcão de negócios de quem manda no Brasil há 510 anos.
O retrato acabado da degradação política e da falência desse sistema político-eleitoral-partidário é a eleição de Tiririca como o deputado mais votado do Brasil com 1,3 milhão de votos.
Por último, não se faz greve de fome como instrumento de luta política quando todos os recursos e os meios de luta se esgotam?
Pois bem, eu me junto aos 9.061.390 - quase 10 milhões (cerca de 1/3 dos eleitores de S. Paulo, que ou se abstiveram, ou anularam ou votaram em branco nas eleições de 03 de outubro) e me declaro em Greve de Voto, até que se faça uma reforma política no Brasil, capaz de acabar com a injustiça e a desigualdade também no processo eleitoral e político e que dê um fim ao voto obrigatório, garanta financiamento público das campanhas, candidaturas autônomas, voto distrital/ou distrital misto e mandatos revogáveis.
Trata-se de uma atitude política de protesto e resistência. Combaterei em outras frentes. Chega de farsa!
Veja os números e tire suas próprias conclusões:
Seções: 80.220
Seções Apuradas: 80.220 (100,00%)
Eleitorado: 30.289.723
Apurado: 30.289.723 (100,00%)
Abstenção: 4.979.456 (16,44%)
Comparecimento: 25.310.267 (83,56%)
Votos: 25.310.267
Brancos: 1.929.787 (7,62%)
Nulos: 2.152.147 (8,50%)
Válidos: 21.228.333 (83,87%)
Poderia começar os agradecimentos, repetindo a famosa frase do querido humorista Henfil e que era sempre repetida pelo Lula para lembrar que os poderosos jamais poderiam nos derrotar, antes de o próprio Lula se tornar um “poderoso”.
Entretanto, antes de dizer isso e agradecer os 1.271 votos para Deputado Estadual – sem campanha, sem dinheiro, sem esquema algum e ainda enfrentando o boicote do Partido – que, violando a própria Lei eleitoral retirou de mim e da maioria dos candidatos a possibilidade de espaço no horário eleitoral gratuito, ainda tive como adversário a própria Justiça Eleitoral, que, numa decisão sem qualquer pé nem cabeça, indeferiu a minha candidatura, alegando que não sou filiado ao Partido – e portanto, não preencho as condições de elegibilidade.
Isso quando a mesma Justiça Eleitoral me declara presidente da Comissão Provisória do PC do B de Cubatão, pelo qual fui candidato a prefeito nas eleições de 2008, conforme pode ser visto e comprovado acessando-se o site do TRE e do TSE.
A decisão absurda de uma juíza do Tribunal Regional Eleitoral, ignorando tudo isso, acabou fazendo com que o caso tenha ido parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde aguarda julgamento. Além do prejuízo evidente, ainda tive que passar pela humilhação de votos contados em separado, e outros dissabores que não vale à pena relembrar. Surrealismo puro, como podem ver.
Poderia dizer, como costumamos afirmar: “confio na Justiça”. Sim, eu confio na Justiça, mas não nessa.
Foi nesse quadro, que disputei as eleições.
Encerro, agradecendo a todos e a cada um – os que trabalharam, os que votaram, os que torceram. Tudo vale à pena quando a alma não é pequena.
Reitero que a democracia duramente conquistada no Brasil por pessoas, muitas das quais sacrificaram as suas próprias vidas em defesa das ideais de liberdade e Justiça, foi tomada de assalto pelo mercado, pelos interesses de grupos, pelo lobismo desenfreado, pela corrupção sem limites, pelo circo sem pão em que as campanhas, sob esse sistema eleitoral se transformaram: empresas azeitadas à milhões - pura atividade de compra e venda e de consciências, de favores e de votos.
Não há amargura no que digo – só constatação.
Não estou só nessa breve análise e avaliação. Basta conferir os quase 5 milhões que se abstiveram, os quase 2 milhões de votos brancos e os mais de 2 milhões de votos nulos, só nas eleições para Deputado Estadual em S. Paulo.
Nesse caso, prefiro ficar com essa minoria, do que com a maioria que – animada pelo pão e circo das campanhas – torna-se, a cada eleição, massa de manobra dos mesmos e velhos interesses dos grupos beneficiários de um sistema de exploração em que o Estado simplesmente é usado como balcão de negócios de quem manda no Brasil há 510 anos.
O retrato acabado da degradação política e da falência desse sistema político-eleitoral-partidário é a eleição de Tiririca como o deputado mais votado do Brasil com 1,3 milhão de votos.
Por último, não se faz greve de fome como instrumento de luta política quando todos os recursos e os meios de luta se esgotam?
Pois bem, eu me junto aos 9.061.390 - quase 10 milhões (cerca de 1/3 dos eleitores de S. Paulo, que ou se abstiveram, ou anularam ou votaram em branco nas eleições de 03 de outubro) e me declaro em Greve de Voto, até que se faça uma reforma política no Brasil, capaz de acabar com a injustiça e a desigualdade também no processo eleitoral e político e que dê um fim ao voto obrigatório, garanta financiamento público das campanhas, candidaturas autônomas, voto distrital/ou distrital misto e mandatos revogáveis.
Trata-se de uma atitude política de protesto e resistência. Combaterei em outras frentes. Chega de farsa!
Veja os números e tire suas próprias conclusões:
Seções: 80.220
Seções Apuradas: 80.220 (100,00%)
Eleitorado: 30.289.723
Apurado: 30.289.723 (100,00%)
Abstenção: 4.979.456 (16,44%)
Comparecimento: 25.310.267 (83,56%)
Votos: 25.310.267
Brancos: 1.929.787 (7,62%)
Nulos: 2.152.147 (8,50%)
Válidos: 21.228.333 (83,87%)
domingo, 3 de outubro de 2010
COMBATI O BOM COMBATE. FIZ A MINHA PARTE. AGORA É COM VOCÊS.
Em um sistema político eleitoral e partidário, corrompido em que as chances de eleição são limitadas a quem tem dinheiro, apresentei o meu nome como alternativa para os 30 milhões de cidadãos paulistas que escolhem neste domingo os 94 Deputados que comporão a Assembléia Legislativa do Estado.
Sem dinheiro, nem esquemas, com limitação enorme de material de campanha (já que a fartura de material tem a ver com a quantidade de dinheiro que o candidato tem prá gastar) defendi idéias, apresentei minha história e trajetória como um lutador social, desde 1.978, que nunca se rendeu nem nunca se curvou à vontade dos poderosos, dos manda-chuvas que reduzem a maioria do povo brasileiro à condição de cidadãos de segunda classe e são beneficiários de um sistema que faz com que o país ainda esteja na vergonhosa posição de ser um dos 10 mais desiguais do mundo.
Os negros e as mulheres, os pobres – e dentre os pobres os mais pobres que são os negros – tem suas vidas transformadas, quase sempre em um martírio de sacrifícios intermináveis, pelos baixos salários, pelo desemprego, pelas condições de moradia indignas, pela falta de acesso à educação de qualidade, pela violência e humilhações cotidianas.
Procurei demonstrar em palestras, reuniões e debates que, ao contrário do que reza a propaganda oficial marcada pelo ufanismo de que “tudo mudou”, que a realidade é outra. O Brasil não é um país pobre – tanto que devemos nos tornar a 5ª economia do mundo nos próximos anos – mas, desigual e profundamente injusto, e que a minha luta da vida inteira foi e continuará sendo por transformações profundas na sociedade, na perspectiva da redução radical da desigualdade social e busca da Justiça.
Desigualdade, que pode ser vista em toda a parte e lugar, inclusive, na campanha com o tempo desigual de partidos e candidatos para apresentar suas propostas no horário eleitoral gratuito do rádio e da TV. Eu, por exemplo, como tantos outros, não tive espaço nem tempo na TV, por decisões unilaterais de cúpulas partidárias, que violam a Lei eleitoral e transformam as organizações partidárias, sob esse modelo, em capitanias hereditárias.
Daí a urgência de um reforma política que garanta o financiamento público da campanha, o fim do voto obrigatório, candidaturas autônomas e mandatos revogáveis.
Denunciei e assumi compromissos com o fim do pedágio-ladrão – o mais caro do mundo – e com a defesa radical da equidade para negros, pobres e mulheres – em todos os espaços, inclusive no acesso à Educação, o que hoje ainda não acontece. A defesa da proposta que garante aos melhores alunos do ensino médio, o acesso direto à Universidade, é uma forma de fazer valer esse princípio, assim como a defesa de ações afirmativas em todos os espaços, não apenas na Educação, mas também no mercado de trabalho.
Minha missão foi cumprida e não posso deixar de agradecer imensamente o apoio, a solidariedade a ajuda de amigos queridos e companheiros de longa data. Primeiro, agradeço a minha companheira de vida – minha mulher Dolores. Sem o seu apoio não teria chegado até aqui.
Em segundo ao companheiro Emerson, do Cursinho Pré-Vestibular 20 de Novembro meu coordenador de campanha, e ao meu irmão Lourival (o Vovô Pirulito), que esteve sempre presente nas batalhas da vida toda.
Emerson foi um gigante na mobilização de pessoas e ativistas que hoje estarão nos pontos mais diversos de 18 cidades de S. Paulo, defendendo a nossa candidatura como forma de eleger, não mais um deputado, mas um Deputado que tem como proposta colocar o mandato a serviço da luta e das causas populares em S. Paulo e no Brasil.
Cumprimento ao Jackson, também do 20 de Novembro, incansável no trabalho de mobilizar pessoas e agradeço o espaço aberto para o debate na Educafro, na Fersol, e na Universidade Zumbi dos Palmares, respectivamente, pelo Frei David Raimundo dos Santos, Michel Haradom, e pelo reitor José Vicente, onde candidatos comprometidos com a igualdade puderam apresentar suas propostas.
Quero agradecer a todos que em todas as cidades, que por meio do Orkut, do Facebook, da Afropress, manifestaram o apoio e a solidariedade. Joelzito Araújo, nosso cineasta, Sônia Ribeiro, de Taubaté, João, de Bertioga, João Jorge, do Olodum, Miro Nunes, da Cojira/Rio, Marcos Rezende, do CEN (Coletivo de Entidades Negras/BA), Magno Lavigne, Secretário Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Frei Leandro (ex-Educafro e Fórum SP da Igualdade), Oscar Cardoso, Doutor Eduardo Silva, da CONAD/SP, André Louro, da OAB/Cubatão, Januário, Isaque, da Pão da Vida, Maria Emília, Maria Inês, Carla, Rita (todas de Santo André) Neninho, Luzia, Vinícius, Elenice, Fafi, Douglas e Daniela, aos colegas de trabalho da Dolores, minha mulher, na Band, Record, SBT, Gazeta, e Record, e tantos outros - inclusive - os que preferiram ajudar no anonimato dos gestos e das palavras de carinho e apoio.
Aos amigos que doaram o básico, o mínimo, para que pudéssemos nos locomover para atender compromissos de campanha. Quero que saibam, que o que prá nós mais importou e importa foi e é o gesto solidário.
Combati – como sempre – o bom combate. Fiz a minha parte.
Agora é deixar que a vontade dos cidadãos livres se manifeste, votando.
Com vitória ou sem vitória, nossa luta vai continuar, mesmo porque. A nossa luta já é a vitória dos que não se rendem, não se calam, não se acumpliciam, nos que acreditam no povo brasileiro. Viva S. Paulo! Viva o Brasil! Viva o Povo paulista e brasileiro!
Sem dinheiro, nem esquemas, com limitação enorme de material de campanha (já que a fartura de material tem a ver com a quantidade de dinheiro que o candidato tem prá gastar) defendi idéias, apresentei minha história e trajetória como um lutador social, desde 1.978, que nunca se rendeu nem nunca se curvou à vontade dos poderosos, dos manda-chuvas que reduzem a maioria do povo brasileiro à condição de cidadãos de segunda classe e são beneficiários de um sistema que faz com que o país ainda esteja na vergonhosa posição de ser um dos 10 mais desiguais do mundo.
Os negros e as mulheres, os pobres – e dentre os pobres os mais pobres que são os negros – tem suas vidas transformadas, quase sempre em um martírio de sacrifícios intermináveis, pelos baixos salários, pelo desemprego, pelas condições de moradia indignas, pela falta de acesso à educação de qualidade, pela violência e humilhações cotidianas.
Procurei demonstrar em palestras, reuniões e debates que, ao contrário do que reza a propaganda oficial marcada pelo ufanismo de que “tudo mudou”, que a realidade é outra. O Brasil não é um país pobre – tanto que devemos nos tornar a 5ª economia do mundo nos próximos anos – mas, desigual e profundamente injusto, e que a minha luta da vida inteira foi e continuará sendo por transformações profundas na sociedade, na perspectiva da redução radical da desigualdade social e busca da Justiça.
Desigualdade, que pode ser vista em toda a parte e lugar, inclusive, na campanha com o tempo desigual de partidos e candidatos para apresentar suas propostas no horário eleitoral gratuito do rádio e da TV. Eu, por exemplo, como tantos outros, não tive espaço nem tempo na TV, por decisões unilaterais de cúpulas partidárias, que violam a Lei eleitoral e transformam as organizações partidárias, sob esse modelo, em capitanias hereditárias.
Daí a urgência de um reforma política que garanta o financiamento público da campanha, o fim do voto obrigatório, candidaturas autônomas e mandatos revogáveis.
Denunciei e assumi compromissos com o fim do pedágio-ladrão – o mais caro do mundo – e com a defesa radical da equidade para negros, pobres e mulheres – em todos os espaços, inclusive no acesso à Educação, o que hoje ainda não acontece. A defesa da proposta que garante aos melhores alunos do ensino médio, o acesso direto à Universidade, é uma forma de fazer valer esse princípio, assim como a defesa de ações afirmativas em todos os espaços, não apenas na Educação, mas também no mercado de trabalho.
Minha missão foi cumprida e não posso deixar de agradecer imensamente o apoio, a solidariedade a ajuda de amigos queridos e companheiros de longa data. Primeiro, agradeço a minha companheira de vida – minha mulher Dolores. Sem o seu apoio não teria chegado até aqui.
Em segundo ao companheiro Emerson, do Cursinho Pré-Vestibular 20 de Novembro meu coordenador de campanha, e ao meu irmão Lourival (o Vovô Pirulito), que esteve sempre presente nas batalhas da vida toda.
Emerson foi um gigante na mobilização de pessoas e ativistas que hoje estarão nos pontos mais diversos de 18 cidades de S. Paulo, defendendo a nossa candidatura como forma de eleger, não mais um deputado, mas um Deputado que tem como proposta colocar o mandato a serviço da luta e das causas populares em S. Paulo e no Brasil.
Cumprimento ao Jackson, também do 20 de Novembro, incansável no trabalho de mobilizar pessoas e agradeço o espaço aberto para o debate na Educafro, na Fersol, e na Universidade Zumbi dos Palmares, respectivamente, pelo Frei David Raimundo dos Santos, Michel Haradom, e pelo reitor José Vicente, onde candidatos comprometidos com a igualdade puderam apresentar suas propostas.
Quero agradecer a todos que em todas as cidades, que por meio do Orkut, do Facebook, da Afropress, manifestaram o apoio e a solidariedade. Joelzito Araújo, nosso cineasta, Sônia Ribeiro, de Taubaté, João, de Bertioga, João Jorge, do Olodum, Miro Nunes, da Cojira/Rio, Marcos Rezende, do CEN (Coletivo de Entidades Negras/BA), Magno Lavigne, Secretário Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Frei Leandro (ex-Educafro e Fórum SP da Igualdade), Oscar Cardoso, Doutor Eduardo Silva, da CONAD/SP, André Louro, da OAB/Cubatão, Januário, Isaque, da Pão da Vida, Maria Emília, Maria Inês, Carla, Rita (todas de Santo André) Neninho, Luzia, Vinícius, Elenice, Fafi, Douglas e Daniela, aos colegas de trabalho da Dolores, minha mulher, na Band, Record, SBT, Gazeta, e Record, e tantos outros - inclusive - os que preferiram ajudar no anonimato dos gestos e das palavras de carinho e apoio.
Aos amigos que doaram o básico, o mínimo, para que pudéssemos nos locomover para atender compromissos de campanha. Quero que saibam, que o que prá nós mais importou e importa foi e é o gesto solidário.
Combati – como sempre – o bom combate. Fiz a minha parte.
Agora é deixar que a vontade dos cidadãos livres se manifeste, votando.
Com vitória ou sem vitória, nossa luta vai continuar, mesmo porque. A nossa luta já é a vitória dos que não se rendem, não se calam, não se acumpliciam, nos que acreditam no povo brasileiro. Viva S. Paulo! Viva o Brasil! Viva o Povo paulista e brasileiro!
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